no último dia 4, um seminário para discutir os problemas ambientais na região do Baixo Parnaíba. O evento aconteceu no auditório do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brejo. O tema “Fraternidade e a vida no Baixo Parnaíba” e o lema “A criação no Baixo Parnaíba geme em dores de parto” são alusivos à Campanha da Fraternidade deste ano, que abordou a temática do aquecimento global e outras questões de cunho ambiental.
Participaram do encontro Maristela Andrade e seu esposo, Benedito Souza Filho, ambos antropólogos e atuam da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), o promotor de justiça do meio ambiente de São Luís (MA), Fernando Barreto, além de representantes de sindicatos, movimentos sociais, Sociedade Maranhense dos Direitos Humanos, prefeitos e vereadores da região e delegados de todas as paróquias e municípios da diocese.
A assembleia elencou os principais problemas ambientais dos municípios da diocese. A grilagem de terras, as monoculturas da soja, eucalipto e cana-de-açúcar e os danos socioambientais provenientes do agronegócio foram apontados como os piores problemas da região. O desmatamento provocado pelas empresas que se instalaram no Baixo Parnaíba tem causado, entre outros danos, a desertificação das matas de cerrado e o desaparecimento de nascentes e córregos.
Os participantes reclamaram também da inércia do poder judiciário e da corrupção dos cartórios que emitem títulos irregulares de terras pertencentes ao Estado. O grupo chegou à conclusão de que a falta de uma política agrária eficiente e de um mapeamento das terras públicas no estado tem favorecido a grilagem de terras e o aumento da devastação ambiental. O bispo diocesano de Brejo, dom José Valdeci Santos Mendes, destacou a importância do seminário. “Vejo que é um encontro de grande importância. Não é apenas um encontro isolado, mas que corresponde toda a região do Baixo Parnaíba, que mostra a visão da realidade, uma realidade complexa, a partir do ponto de vista dos trabalhadores e também dos pesquisadores pra que a gente possa tomar uma decisão no sentido da luta em defesa da vida e pelos direitos sociais de todo o povo, principalmente dos mais pobres”.
A professora Maristela apresentou a prévia de um laudo técnico que está elaborando sobre os impactos ambientais provocados pelo agronegócio na região do Baixo Parnaíba. Ela fez um breve retrospecto da ocupação da região, ressaltando que a economia e do modo de viver da população local sempre teve uma forte ligação com a agricultura familiar e uma relação harmônica com a natureza.
Os dados levantados mostram que os principais impactos do agronegócio na região são a substituição da economia camponesa de base familiar pela agricultura empresarial; a devastação ambiental caracterizada pelo desaparecimento dos cursos d’água, extinção da biodiversidade e poluição do solo e das águas.
Já o promotor Fernando Barreto falou da atuação do poder judiciário e do Ministério Público em relação ao meio ambiente. Ele propôs uma mobilização da sociedade para combater a degradação ambiental e a grilagem de terras no Baixo Parnaíba. “Diante da situação, trabalhemos para cobrar do estado que crie reservas extrativistas na região, que crie formas de controle e de combate ao desmatamento e à degradação ambiental”, salientou Barreto.
Ao final do encontro, a assembleia elaborou algumas propostas para enfrentar as ameaças ao meio ambiente na região do Baixo Parnaíba, entre as quais estão: realização de audiências públicas para discutir a responsabilidade do Estado na problemática ambiental, apoio à Assembleia legislativa na CPI das Terras do Baixo Parnaíba, luta no combate ao desmatamento e pela preservação dos mananciais e biodiversidade da região.